Meu pequeno oceano da verdade

Gente do meu Brasil Varonil e belo, estou abismado com o mal uso da internet. Sei que isso não é nenhuma novidade pra ninguém – o mal uso – mas está atingindo proporções maléficas e estratosféricas. Ando recebendo e-mails de um amigo, que óbvio, não vou citar o nome, com fotografias de namoradas e namorados - ficantes e afins - nos seus mais íntimos momentos e estou ficando chateado com isso. São pessoas que têm seus celulares, notebooks, câmeras, roubados ou extraviados e que cujo conteúdo vai parar na net. Claro que muitas vezes é o próprio namorado (canalha assim por dizer) que resolve dar uma de sex machine e publica as fotos na rede para dar um up em sua baixa autoestima ou pra dizer para os amigos: saca só a mina que eu comi! Outro dia dando um rolezinho pelo álbum de fotos do Orkut de uma amiga que gosto muito (que claro, por motivos igualmente óbvios não vou dizer quem é) vi o nick de um sujeito que, na foto, estava abraçado com uma menina: “essa eu comi... “ bla bla bla... não resisti e quis ver se era só brincadeira mas o “quem sou eu” do cara o derrubou e me enojou. Era mais ou menos assim: “todas as meninas que eu beijo eu como mesmo” e tal, assim por diante. Que preguiça!

Me lembro das boas amizades que fiz no Orkut de outrora. Shiza Ali Khan (boa amiga), Mehreen Zain e Wajiha, do Paquistão, Harvarinder Singh e Priyam Dhar da Índia, André "Banzai" Yamamoto – um paulista que mora no Japão (demos muitas risadas seu Japacrazy), Luciane Scarpin Kamegawa – outra brasileira no Japão, Sepiente Ignea da Argentina. Micheline Freitas, Eduarda Perrone, Fany Dimytria, Marina Marques, Sonia Bittencourt, Helena Oliveira (super fotógrafa), Sêu Ribeiro, FrediM, pessoas que nunca vi pessoalmente mas temos uma amizade tão boa. Fazemos um intercâmbio cultural virtual, digamos assim. Amizade virtual é isso. Sem torpedos, o único interesse é aquele de que você sabe que a pessoa é boa, te faz bem e você apenas retribui a altura, com uma boa conversa despretensiosa e saudável.

Confesso que às vezes me sinto um náufrago perdido nesse oceano de bites. Ao meu redor vejo outros poucos náufragos se comunicando entre si na tentativa de simplesmente comunicar e não inflar egos, mostrar como são lindos e perfeitos, torpedar quem está quieto, destruir relacionamentos, vidas. Por isso eu digo em bom tom: obrigado verdadeiros amigos virtuais, vocês estão no meu pequeno oceano da verdade!