sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Poema baixo

Acabe de botar sua carne
em minha
carne.
Que desejos mais virão
após terminar essa
epopéia?

Deliro, rogo, suspiro
fito-te até sujar meu olhos
já imundos, por outros mundos.
Mundos e fundos
eu te ofereço
e novamente me sujo
e me lambuzo
com seu sabor.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Jogo do Bush

Olá queridos ordinários! Como foi o carnaval?
Espero que não tenham passado mal e vomitado as tripas no próprio colo, nem tomado porrada dos bombados bêbados e suados, nem pego a velha de guerra "Herpes bucal" e outras bizarrices que só acontecem sob o reinado daquele gordão bonachão e que ninguém mais sabe quem é: o Momo (alguns se arriscam dizer que é uma bomboniere - mas só os belorizontinos sabem disso). Bem, na moral ou na fuzaca, que tenha sido com aquela gatinha bacana ou aquele carinha legal! Isso sendo fato: PARABÉNS... vc é ÚNICO E ONIPOTENTE!!!

Mas sem delongas, óquêi!? Eis um game que é pra nao deixar nosso eterno alvo, Bush Junior, em paz. Afinal de contas ele encheu o nosso saco ordinário durante 9 longos e intermináveis anos. Agora, Mr. Bush Junior, iremos à forra por toda a sua vida inútil.

Divirtam-se e ótimas chineladas!!


Clique aqui para jogar

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Uma Sinuca de Bico

Ultimamente tenho estado numa verdadeira "sinuca de bico". Não sei o que mais me irrita: a violência crescente, a intolerância com o que é diferente, a falta de sensibilidade humana, o "me, myself and I" da sociedade de consumo, o status quo da classe média, o preconceito latente, a falta de caráter incrustrado, o Big Brother de todas as noites, o Pit Bull solto no quintal, na rua, na academia, no ponto do ônibus, na praia, dentro do seu carrão do ano, pronto pra te dar o bote, o carona da moto preparado pra te dar um tiro, a recessão mundial, o idiota do seu vizinho que insiste em "pagar uma de bacana" com um carrão novinho parcelado em 60 e tantas vezes, o mesmo vizinho idiota que "paga de bacana" e se vangloria em dever meses de aluguel para o "besta" do proprietário (ou seria "propriotário"?), as academias lotadas de gente "sarada" de corpo e doente da cabeça - e vocês sabem que depois do Carnaval as academias ficarão vazias, os corpos flácidos e as cabeças continuarão ocas - é claro, que o Rio de Janeiro continua lindo, pobre e violento pra caramba, que as universidades estão cheias de imbecis atrás de um diploma qualquer e que esse mesmo imbecil provavelmente será seu médico no futuro, ou poderá matar a sua irmã, namorada, mãe ou qualquer mulher que você adora, numa "lipo" meia boca, que esse mesmo imbecil pode se tornar um ótimo advogado e ganhar muito com as facções criminosas ou com aquele carinha que resolveu roubar um banco alegando que é tudo culpa da "crise mundial", as torcidas organizadas que, se valessem alguma coisa nessa vida, se juntariam pra uma fuzarca daquelas, no Congresso Nacional, pra dar um basta na turma do paletó que infesta aquele lugar.

Valha-me Deus! Vejam bem, só sei de uma coisa, no próximo "busão" pra Marte quero meu assento na janela, amendoim japonês aos montes (e sem casquinha) e uma comissária cheirosa que se pareça no mínimo com a Angelina Jolie!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Afinal você torce pra quem?

Diante de todos os absurdos que estamos cansados, esgotados e saturados de ver, ler e ouvir depois dos clássicos de futebol deixo aqui essa pergunta: Afinal você torce pra quem?

Domingão modorrento, quente e paradão. Teria sido pior se eu não tivesse enchido a pança (que é pequena, graças a meu bendito DNA) de deliciosas pizzas caseiras que o pai de meu grande amigo Daniel fez e dado boas gargalhadas relembrando as idiotices adolescentes do passado. Cheguei em casa a tempo de escutar o jogo do meu glorioso Galo, pela futuramente secular e inigualável Radio Itatiaia, cuja frequência já estava sintonizada pois minha mãe (que gosta de escutar jogos de futebol) estava ouvindo a narração preliminar de Willy Gonzer e seus comandados. Detalhe: ela aproveitava para corrigir alguns exercícios de seus alunos pequerruchos. Naquele momento eu comentei meio triste e meio "nem aí", como eu estava afim de ir ao Mineirão assistir ao clássico. Mas como sempre, houve problemas graves.

Então, novamente eu pergunto: Pra quem você torce? A partir daquele momento comecei a perceber que a maioria dos torcedores não vão ao estádio torcer para o seu time de paixão e sim para sua torcida. Opa! Como assim? Torcer para uma torcida? Coisa mais estranha, mas é isso o que acontece nos estádios de futebol. Ninguem torce mais para o Galo, Cruzeiro, Corinthians, São Paulo, Palmeiras. Há torcedores às pencas para a Galoucura, Máfia Azul, Gaviões, Independente, Macha Verde enquanto aqueles que torcem para os times se limitam a ficar em casa acompanhando o jogo pelo radinho de pilha, internet, som do carro, pey-per-view, casa do vizinho, etc.

O estádio de futebol se tornou uma espécie de Coliseum às avessas, onde quem se degladia é o público e quem é "devorado pelos leões" é justamente aquele que vai lá apenas pra assistir. O clássico GALO X CRUZEIRO perdeu o briho há tempos. As facções marginais tomaram conta das ruas, das comunidades, das instituições, do Congresso Nacional, da Polícia e até dos estádios de futebol.

Muros altos, cercas eletrificadas e grades espessas não são mais "objetos decorativos" de presídios, aliás, na sua casa tem, no presídio não, e se tem, não funciona, não mantém lá dentro quem nao deve estar aqui fora. Perceberam? Está tudo ao avesso. Vamos enumerar:

- quem está realmente preso é o cidadão, pois se sair, morre;
- num estádio de futebol, 90% nao assistem ao jogo, se limitam a xingar a facção adversária, se vc se descuidar e cair na besteira de assistir ao jogo, morre.
- se denunciar a Polícia porque tem certeza que ela é corrupta, morre;
- votar errado na próxima eleição e colocar no poder um cabeça-de-bagre, morre (nem que seja de fome ou desgosto);

É isso, a sensação que tenho é que pegaram o mundo e chacoalharam tanto que tudo ficou de pontacabeça, e confesso que depois de ter escrito isso ainda tenho medo de que alguem me mate!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Vai chegando o Carnaval...

No auge de minha adolescência, a palavra carnaval era interpretada por minha mente como “o momento mágico, o nirvana da vida”. Axé, abadá, acarajé, Cantina da Serra, peitos, bundas, bocas, vômitos, gritos, mais bocas, mais bundas e mais vômito.
Ah, era tudo que eu podia querer. A perdição completa de um jovem torto. A rebeldia social e a explosão de hormônios sexuais e infantilóides.
Mas o tempo passou. E com ele, uma certa maturidade foi aflorando.
Olho hoje para aquele grupo de arruaceiros e pergunto-me como posso já ter gostado de estar ali presente. Ou pior, como podem pessoas que já passaram da idade da molecagem, esbaldarem-se como se fossem guiados por seus instintos de dezesseis anos.
Pra começar, uma analogia aplicada a 95% dos casos: o tamanho dos bíceps de um indivíduo é inversamente proporcional a sua capacidade intelectual. Quanto mais inchado, mais demente.
Não satisfeitos em passar uma imagem de ignorância e mongolice, esse tipo de cidadão ainda precisa gritar ao mundo que seus bíceps são grandes. Então, mesmo chovendo e com frio, ele tira a camisa e enrola no punho, em uma clara manifestação boçal de que, além de forte, ele é perigoso.
Não preciso dizer que existem mulheres, tão tapadas quanto, que baseadas em sua máxima insegurança e desejo de parecer mais do que realmente são para a sociedade, atracam-se com este tipo de laia. Merecem-se, logicamente. Dois tipos que necessitam de anos de terapia.
Mas tudo bem, você ignora os "zé bostola"s e suas "piriguetis" e cai na “folia”. E é nesse momento que você descobre a necessidade de tomar 3 litros de Cantina da Serra em meia hora.
A música é praticamente um conjunto de onomatopéias:
“MÃE BÊ MÃE BÊ MÃE BÁ, MÃE BÊ MÃE BÊ MÃE BÁ, MÃE BÊ MÃE BÊ MÃE BÁ”
“ZUM ZUM ZUM… ZUM ZUM BABA, ZUM ZUM BABA, ZUM ZUM BABA”
“CHIIIIIIIIIIIIIICLEEEEEETE! OBA, OBA!”
“O, o, o, ooo, que terrô! O, o, o, ooo, na dança do vampirô!”

Você olha para os lados e percebe que os "zé bostolas" invadiram o ambiente e estão pulando de um lado para o outro, te arrastando, aquele suor pegajoso que mais parece uma manteiga raspando no seu braço e costas. A multidão toma conta de tudo, você não tem como fugir, o jeito é pular e fingir que aquela música faz algum sentido.
Pula, gira, grita, solta grunhidos (afinal não tem como CANTAR esse tipo de música), pega uma mulherzinha aqui, outra ali, mas continua pulando, girando, gritando e soltando grunhidos.
Calor, suor, fedor, música ruim, multidão te empurrando, claustrofobia, bebidas nojentas, mulheres perdidas e vazias, e eles, sempre eles, os "zé bostolas", que dentro de vinte minutos cairão na porrada graças a um pisão no pé.
Afinal, vamos combinar, dentro de toda essa explosão de movimentos e pessoas se encostando, pisar no pé de um zé bostola é proibido! Ele morde, santa!

Essa é a análise final que tenho do carnaval. Uma visão de quem já viveu e respirou estes ares, mas fugiu assim que o discernimento e a razão chegaram à tona.
Neste carnaval, saia para tomar um chopp com os amigos. Converse, divirta-se, ria, fique com uma mulher por mais de duas horas. Garanto que, no final, você se sentirá muito melhor.
A menos, é claro, que você seja um zé bostola.
Neste caso… Desculpe por ter pisado no seu pé.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Bem Vindos

Olá queridos leitores, amigos e visitantes em geral. O blog "Ideias Ordinárias" está de cara nova e endereço novo. A mudança se deve ao fato de que, no Blogger, existem recursos muito mais interessantes que poderei explorar, trazendo a todos que já acompanham as postagens no antigo "Ideias Ordinárias" (e claro, aqueles que estão começando a visita-lo agora) mais informação, mais entretenimento e mais ideias ordinárias. Para quem não conhece ainda o conteúdo do "Ideias Ordinárias" poderá visitar o blog no endereço antigo: http://ideiasordinarias.zip.net - este continuará ativo até que todos se acostumem com o novo endereço: http://ideiasordinarias.blogspot.com

Espero sinceramente que gostem da nova roupagem do "Ideias Ordinárias" e espero que continuem a contribuir com assuntos interessantes e comentários sempre pertinentes (e ordinários)

abraços a todos e ótima leitura

Ed Félix
Pra começo de conversa, vou escolher postagens antigas do "Ideias Ordinárias" para relembrar os antigos leitores e apresentar aos novos o real conteúdo desses espaço-virtual-democrático. Vamos começar por uma de minhas preferidas: as ideias ordinárias de Fernando Pessoa.

Fiquei um tempinho sem postar minhas ideias ordinárias aqui não é mesmo? Falta tempo e sobra trabalho minha gente. Por isso resolvi publicar as ideias "mais que ordinárias" de Fernando Pessoa, que na minha opinião deveria ter seus livros (assim como Machado de Assis, Guimarães Rosa e tantos outros) devorados elouquecidamente por qualquer ser vivente, dotado da feliz habilidade da leitura. A poesia pode nos ser ópio ou morfina em determinadas situações... a poesia, a leitura são como droga que inebria, que causa dor, instiga e alivia, que alimenta a mente e a alma, faz chorar e sorrir... e nunca mata.


Todas as Cartas de Amor são Ridículas
Álvaro Campos (F. Pessoa)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.


(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Autopsicografia
Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Sou o que descubro da vida. Entendi, a duras penas, que o tempo é uma matéria e que, apesar disso, não pode ser mudado. Eu que mudo, me...