Acho surreal quando esses espécimes (em extinção, eu espero) conseguem conquistar aquela garota bacana, linda, bom papo, cabeça feita, livre e independente e mesmo assim calçam, com toda a fúria digna de um ogro, as suas "pantufas de jaca". Valha-me São Roque das Jacas Pisadas! O pior não é o cabra ser um ogro simplesmente, isso já é esperado da classe machista do meu Brasil Varonil, o problema é a garota achar que é a Fiona e aceitar isso. Exemplo clássico: os sujeitos desaparecem por dias e reaparecem com as desculpas mais previsíveis, que não enganariam nem a mais carola Irmã Carmelita, daquele conventozinho, no grotão ao sul de Paraopeba; dão com uma mão aquele buquê de rosas vermelhas batidíssimo (e muito brega por sinal) e tiram o brilho do olhar da sua parceira com a outra (mão ou mulher - tanto faz), na primeira saída "alone" na balada; diz que ama mas não aceita aquele trabalho novo e super esperado de sua amada só porque ela terá que viajar toda segunda-feira, ou porque lá "só tem macho" e mesmo assim a dita moça continua a gostar desse que avacalha, acreditando RE-LI-GI-O-SA-MEN-TE (assim mesmo... pausado que é pra dar ênfase) que ainda "vai dar pé". Nesse caso (e apenas nesse), sou obrigado a concordar com um colega, professor de Multimídia da faculdade onde dou aulas de Fotojornalismo, que sempre diz que "a fé é a maior causa dos fracassos humanos". Realmente! Até o Milton Nascimento tinha razão: Fé cega, faca amolada! O cara trai, bate, some, faz e acontece - mas a fé mantém a pobre coitada ali, firme e forte (?) incrustrada feito um cristal em rocha no seu mundo de faz-de-conta.
"Tenho fé que ele um dia conserta" - passam-se anos e o caboco continua um ogro, só que mais velho e agora chato pra burro - tarde demais - a essa altura da vida é muito mais cômodo ter um ogro velho e chato na mão do que um chá com torradas modorrento na casa daquela amiga solteirona! Valha-me São Cosme das Almas Cômodas!
Tem também a variação ainda mais tosca desses seres: os homofóbicos. Eu não beijaria um homem pelo simples fato de não querer beijar um homem, gosto de mulher, daquelas cheirosas e bem femininas - mas não sou homofóbico. Acho interessante como alguns homens e mulheres da sociedade moderna conseguiram sair do armário e assumir (ao menos no seu círculo de amizades - já é um começo) a sua preferência amorosa. Mas não... eis que surge do pântano: o ogro! Homofóbico e mal educado. Não senta naquele boteco por que aquele casal de rapazes, na mesa lá do fundão (e que ninguém havia notado), lhe dá nojo. Não vai àquela festa bacana porque o anfitrião tem duas amigas que são casadas. "Esse povo tem que tomar é porrada!" - esse é o seu mote. Tudo se resolve na base de sua porção mais estéril. É o ser antissocial! Um ogro!
Não sei quantos se identificarão com esse post, ogros e Fionas. Só espero que não façam tocaia pra este que vos escreve na primeira esquina escura que encontrarem!
Provavelmente eu não estarei lá!
"O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro."
Mário de Miranda Quintana - em "Caderno H"