quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Ogro

Interessante como a vida humana está de ponta-cabeça. Ultimamente eu ando morrendo de preguiça dos chamados "homens-machos". Observando alguns desses exemplares simios-sapiens (pero no mucho) eu comecei a notar um problema latente, uma grande falta de sensibilidade - traduzindo: um bando de toscos.

Acho surreal quando esses espécimes (em extinção, eu espero) conseguem conquistar aquela garota bacana, linda, bom papo, cabeça feita, livre e independente e mesmo assim calçam, com toda a fúria digna de um ogro, as suas "pantufas de jaca". Valha-me São Roque das Jacas Pisadas! O pior não é o cabra ser um ogro simplesmente, isso já é esperado da classe machista do meu Brasil Varonil, o problema é a garota achar que é a Fiona e aceitar isso. Exemplo clássico: os sujeitos desaparecem por dias e reaparecem com as desculpas mais previsíveis, que não enganariam nem a mais carola Irmã Carmelita, daquele conventozinho, no grotão ao sul de Paraopeba; dão com uma mão aquele buquê de rosas vermelhas batidíssimo (e muito brega por sinal) e tiram o brilho do olhar da sua parceira com a outra (mão ou mulher - tanto faz), na primeira saída "alone" na balada; diz que ama mas não aceita aquele trabalho novo e super esperado de sua amada só porque ela terá que viajar toda segunda-feira, ou porque lá "só tem macho" e mesmo assim a dita moça continua a gostar desse que avacalha, acreditando RE-LI-GI-O-SA-MEN-TE (assim mesmo... pausado que é pra dar ênfase) que ainda "vai dar pé". Nesse caso (e apenas nesse), sou obrigado a concordar com um colega, professor de Multimídia da faculdade onde dou aulas de Fotojornalismo, que sempre diz que "a fé é a maior causa dos fracassos humanos". Realmente! Até o Milton Nascimento tinha razão: Fé cega, faca amolada! O cara trai, bate, some, faz e acontece - mas a fé mantém a pobre coitada ali, firme e forte (?) incrustrada feito um cristal em rocha no seu mundo de faz-de-conta.

"Tenho fé que ele um dia conserta" - passam-se anos e o caboco continua um ogro, só que mais velho e agora chato pra burro - tarde demais - a essa altura da vida é muito mais cômodo ter um ogro velho e chato na mão do que um chá com torradas modorrento na casa daquela amiga solteirona! Valha-me São Cosme das Almas Cômodas!

Tem também a variação ainda mais tosca desses seres: os homofóbicos. Eu não beijaria um homem pelo simples fato de não querer beijar um homem, gosto de mulher, daquelas cheirosas e bem femininas - mas não sou homofóbico. Acho interessante como alguns homens e mulheres da sociedade moderna conseguiram sair do armário e assumir (ao menos no seu círculo de amizades - já é um começo) a sua preferência amorosa. Mas não... eis que surge do pântano: o ogro! Homofóbico e mal educado. Não senta naquele boteco por que aquele casal de rapazes, na mesa lá do fundão (e que ninguém havia notado), lhe dá nojo. Não vai àquela festa bacana porque o anfitrião tem duas amigas que são casadas. "Esse povo tem que tomar é porrada!" - esse é o seu mote. Tudo se resolve na base de sua porção mais estéril. É o ser antissocial! Um ogro!

Não sei quantos se identificarão com esse post, ogros e Fionas. Só espero que não façam tocaia pra este que vos escreve na primeira esquina escura que encontrarem!

Provavelmente eu não estarei lá!

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"O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro."

Mário de Miranda Quintana - em "Caderno H"

terça-feira, 14 de julho de 2009

PEC's para que te quero!

Com o apoio de 191 deputados, a PEC (proposta de emenda à Constituição) que exige diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista foi apresentada hoje (dia 8 de julho) à Câmara dos Deputados pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Agora ela será encaminhada à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para análise.

A proposta visa incluir na Constituição um dispositivo que estabelece a necessidade de curso superior em jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. A PEC também estabelece que nenhuma lei poderá conter dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação.

Na justificativa à PEC, Paulo Pimenta afirma que "a história cansou de demonstrar que o jornalismo produzido por pessoa inepta pode causar sérios e irreparáveis danos a terceiros, maculando reputações, destruindo vidas e nodoando de forma irreparável o princípio democrático". Segundo ele, para se conseguir um diploma de jornalismo em curso superior de ensino, exige-se o efetivo e comprovado aprendizado de determinadas matérias aplicadas e fundamentais a essa formação.

Segundo Pimenta, não é pelo fato de a profissão de jornalista não ter Conselho ou Ordem Profissional que não se exige qualificações específicas em lei. "Ante a inexistência de tais órgãos, se torna mais necessária a qualificação de seus profissionais junto às instituições de ensino superior", disse.

Paulo Pimenta afirma ainda que o advogado, o médico e o engenheiro em razão das técnicas peculiares às atividades que exercem devem, antes, cursar as respectivas faculdades. "E não é diferente para o jornalista, o qual, além de operador da comunicação, conhecedor não só da palavra e da escrita, deverá, invariavelmente, ser também detentor de uma macrovisão do processo de produção da notícia, requisito este que, igualmente, se adquire nos bancos das universidades."

Além da PEC apresentada hoje à Câmara, também já está tramitando no Senado outra PEC, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), apresentada nos últimos dias, visando incluir no texto constitucional a obrigatoriedade do diploma de curso superior em comunicação social na área de jornalismo para o exercício da profissão. As duas PECs foram apresentadas ao Senado e à Câmara depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitar a exigência de diploma para o exercício da profissão.

Gilmar Mendes

O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, descartou no final de junho a hipótese de o Congresso reverter a decisão da Suprema Corte, que acabou com a obrigatoriedade do diploma.

"Não há possibilidade de o Congresso regular isto, porque a matéria decorre de uma interpretação do texto constitucional. Não há solução para isso. Na verdade, essa é uma decisão que vai repercutir, inclusive sobre outras profissões. Em verdade, a regra da profissão regulamentada é excepcional, no mundo todo e também no modelo brasileiro", disse.

Folha de São Paulo - 08/07/2009

Sou o que descubro da vida. Entendi, a duras penas, que o tempo é uma matéria e que, apesar disso, não pode ser mudado. Eu que mudo, me...