segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Beer Bassade - Fogueira das Rosas

Essa maravilha me foi apresentada pelas queridas amigas Carol e Janaina. De fato, esse som tribal, enraizado mexe com qualquer brasileiro, afinal "bater uma caixa" é com a gente mesmo. Em uma rápida pesquisa na web descobri que esta música é uma antiga canção hebraica feita por pastores de ovelhas.



Beer Bassade

Beer bassade chafarúha ro'im
Ve'edrei zarim ya'atruha
Nadedu halechu be'ikvei harim
Ro'im asher karuha
Ah-ah-ah neot midebar
Avelu darechei hatson
'Ala gam tale mi yachon?

'Alei beer chafarúha ro'im
Ve'edrei zarim yitsemau
"ali, beer! Beer, 'ali!"
Ta'ane : "meimai nichelau!"
Há-há-há ! El hamidebar
Nahagu zarim hatson...
Beer bassade mi yachon?

Eli beer chafaruha ro'im
Meharim 'adarim yashuvu
Chaleshu 'alot, po'im telaim
Tife'am beer: "hei sahvu"!
Hei, hei! Halea midebar!
Shetu, revu, hatson!
Chalil gam sade ronu ron!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Me redescobrindo aos 35


Ando me enfrentando no meu estado mais natural. Dessa forma, descobri que tenho obsessão por cada coisa em seu lugar, cada palavra no seu estilo e que não se pode perder tempo. Assim está Ed Félix - "está" porque passei a acreditar que "estou" e não "sou" - o bom da vida é se adaptar a ela. Pode não ter sido o prêmio merecido e desejado pela vontade de atingir um novo objetivo, mas certamente foi a resposta certa pela forma que andei pela estrada escolhida. Deixar que a mente ficasse em desordem é normal, o que não é normal é manter, é cultivar essa desordem. Resolver isso foi fácil. Mas, ao contrário do que acreditava, todo sistema de simulação inventado por mim para ocultar a realidade, acabou revelando que não sou disciplinado e contraditoriamente impulsivo por virtude, mas sim por reação contra a minha própria negligência, consciente de que sou generoso, próximo e disponível, mas apenas com quem julgo merecedor – outros terão meu sorriso, isso basta. Que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado, mas nunca penso o pior. Insegurança não faz parte da minha natureza apesar dela insistir em bater à minha porta – sei que ela está lá, mas não atendo.

Notei, nesse curto, porém intenso tempo de reflexão, que o “amor” é algo raro e assume forma distorcida devido à dúvida que as pessoas trazem dentro de si. Descobri que esse sentimento não se pode traduzir em palavras e sim em ações constantes, corajosas e gratuitas – quem ama não precisa dizer, quem se sente amado não precisa ouvir e muito menos esperar algo em troca. Amor não se troca, se dá e se recebe sem o peso da obrigatoriedade. Palavras jamais substituirão sentimentos, pois esse não cabe em frases ou regras, é livre por si só. Ao descobrir isso abri minha alma às delicias do acaso. Perguntei-me como pude sucumbir diante dessa vertigem que eu mesmo provoquei e que eu tanto temi. Flutuei entre nuvens e andei falando sozinho com a vã ilusão de investigar o porquê das coisas. Me senti culpado quando na verdade estava completamente certo. Certo de que desejar algo bom e novo, agir em torno desse desejo e criar expectativas não é um ato criminoso, apesar de perigoso, e lutar por isso me tornou um homem ainda mais vivo, livre de qualquer prisão sentimental e convicto daquilo que eu preciso para seguir a vida com leveza e um pouco mais de qualidade.

Acho que se me deparar com um letreiro imenso e luminoso expressando quem sou, verei escrita uma doce palavra: "Liberdade".

Adaptado da obra belíssima de Gabriel Garcia Márquez - "Memórias de minhas putas tristes" - pág. 73.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

... e já se vão oito anos!

Ainda mais ácido e altamente efervescente

Como faço todos os anos neste período do 11 de setembro, venho aqui relembrar que essa mesma imprensa (da qual faço parte mas não bebo da mesma água suja e lodosa) vem invadir nossos lares com a mesma história de sempre a respeito dos atentados ao WORLD TRADE CENTER: "O maior atentado da história". Mais um ano terei que discordar e relembrar meus queridos leitores, que sei que são inteligentes o suficiente para compreender, que foi um atentado de cruéis proporções sim, mas "o maior da história" é forçar a barra. Sigam o roteiro:

Japão, 6 de agosto de 1945 - 8h15: O artefato que tinha o sinistro nome de Little Boy (Garotinho... vejam bem!), lançado pelo famoso bombardeiro "Enola Gay", foi detonado sobre a cidade de Hiroshima causando a morte instantânea de 260 mil pessoas e, mais tarde, outras 120 mil devido à radiação, fome, doença e por aí vai. Entre os mortos (90% de civis), trabalhadores, feirantes, estudantes, crianças, donas-de-casa, marginais e até militares.

Japão, 6 de agosto de 1945 - 12h10: O B-29 Bock's Car da Força Aérea Americana, sobrevoa a cidade de Nagasaki liberando o "Fat Man" (valha-me Deus!), artefato nuclear bem gordo - 4,5 toneladas e potência equivalente a 22mil toneladas de TNT - um verdadeiro ícone da sociedade "Mc Donalds". Morreram desintegrados cerca de 39 mil pessoas e outras 25 mil sofreram os efeitos secundários do "gordão". O efeito em Nagasaki só nao foi maior porque o local possui um relevo montanhoso o que protegeu boa parte da cidade, impedindo a propagação do calor e da radiação.

Guerra do Vietnam - 1959 a 1975. Os EUA promoveram verdadeira carnificina, tanto de nativos daquele país, quanto de seus próprios jovens americanos, mandados à morte, iludidos pelo American Way of Life. Saldo: 400 mil defuntos, 150 mil inválidos e uma desastrosa crise moral.

A nossa imprensa ainda tem coragem de dizer que um atentado onde cerca de 3000 pessoas morreram foi "o maior atentado da história". Três mil crianças morrem todos os meses na África por conta da malária, Aids, fome, guerras, enquanto isso os EUA ampliam suas bases militares em todo o mundo "pregando a paz mundial". Atentado maior é o que tentam fazer com a minha, com a sua inteligência.

Não me lembro dos jornais fazerem menção alguma sobre os eventos citados acima em suas respectivas datas. E vejam bem, nem toquei no assunto do Holocausto, das guerras do Camboja, Irã x Iraque (cuja participação americana rendeu até filme do Rambo.. aff), e das milhares de pessoas que sumiram sob a batuta dos regimes militares orquestrados pelos EUA na América Latina.

Não se deixem levar pelo American Way of "to fuck" life...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Benzetacil

João Bosco

Tem dor de dente, dor-de-cotovelo
Tem dor em tudo que é lugar
Dor de barriga, asia, queimação
Tem a dor-de-facão
Mais conhecida por “de veado”
Calo, nó, tostão ou dor muscular
E bico-de-papagaio
Dor de cabeça, sinusite, febre
Cólica, enxaqueca, mas vai melhorar, porque
Pra toda dor existe um bom remédio
Toma, deita, espera, tenta esquecer
Mas na verdade tenho que dizer
Tem uma dor tão vil
Que dói só de pensar
Você não sabe amigo o que é levar
Um Benzetacil naquele lugar


Esparadrapo, calminex, gelo
Boldo, sal de frutas, cafuné de mãe, não tem
Nenhum remédio pra essa dor maldita
Vira, abaixa as calças, entrega a Deus e Amém

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Dedicado aos verdadeiros!!!


A bondade
Pablo Neruda

Endureçamos a bondade, amigos. Ela é também bondosa, a cutilada que faz saltar a roedura e os vermes: é também bondosa a chama nas selvas incendiando-se para que os arados bondosos fendam a terra.

Endureçamos nossa bondade, amigos. Já não há pusilâmines de olhos aguados e palavra brandas, já não há cretino de soterrada intenção e gesto condescendente que não mantenha a bondade, que vós outorgastes, como uma porta fechada a toda penetração de nosso exame. Vede que necessitamos que sejam chamados bons os de coração reto, e os não amolecidos, e os submissos.

Vede que a palavra se vai fazendo acolhedora das mais vis cumplicidades, e confessai que a bondade de vossas palavras foi sempre - ou quase sempre - mentirosa. Algumas vezes é preciso deixar de mentir já que, no fim das contas, só dependemos de nós mesmos e nos estamos sempre remordendo a sós por nossa falsidade, e vivendo assim encerrados em nós mesmos entre as quatro paredes de nossa astuta estupidez.

Os bons serão os que mais depressa se libertam desta mentira pavorosa e saibam dizer sua bondade endurecida contra todo aquele que a mereça. Bondade que caminha, não com alguém, mas contra alguém. Bondade que não bata nem lamba, mas que desentranhe e peleje porque é a própria arma da vida.

E somente assim serão chamados bons os de coração reto, os não amolecidos, os insubmissos, os melhores. Eles reivindicarão a bondade apodrecida por tanta baixeza, eles serão o braço da vida e os ricos de espírito. E deles, somente deles, será o reino da terra.

obs.: Extraído do Livro "Para nacer he nacido”, complemento do livro de memórias “Confieso que he vivido” - Editora Liber - Rio de Janeiro/Barcelona, 1977.

Espero não ter problemas quanto a direitos autorais – fontes e bibliografia citadas corretamente de acordo com a obra traduzida para o português.

Sou o que descubro da vida. Entendi, a duras penas, que o tempo é uma matéria e que, apesar disso, não pode ser mudado. Eu que mudo, me...