sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Me redescobrindo aos 35


Ando me enfrentando no meu estado mais natural. Dessa forma, descobri que tenho obsessão por cada coisa em seu lugar, cada palavra no seu estilo e que não se pode perder tempo. Assim está Ed Félix - "está" porque passei a acreditar que "estou" e não "sou" - o bom da vida é se adaptar a ela. Pode não ter sido o prêmio merecido e desejado pela vontade de atingir um novo objetivo, mas certamente foi a resposta certa pela forma que andei pela estrada escolhida. Deixar que a mente ficasse em desordem é normal, o que não é normal é manter, é cultivar essa desordem. Resolver isso foi fácil. Mas, ao contrário do que acreditava, todo sistema de simulação inventado por mim para ocultar a realidade, acabou revelando que não sou disciplinado e contraditoriamente impulsivo por virtude, mas sim por reação contra a minha própria negligência, consciente de que sou generoso, próximo e disponível, mas apenas com quem julgo merecedor – outros terão meu sorriso, isso basta. Que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado, mas nunca penso o pior. Insegurança não faz parte da minha natureza apesar dela insistir em bater à minha porta – sei que ela está lá, mas não atendo.

Notei, nesse curto, porém intenso tempo de reflexão, que o “amor” é algo raro e assume forma distorcida devido à dúvida que as pessoas trazem dentro de si. Descobri que esse sentimento não se pode traduzir em palavras e sim em ações constantes, corajosas e gratuitas – quem ama não precisa dizer, quem se sente amado não precisa ouvir e muito menos esperar algo em troca. Amor não se troca, se dá e se recebe sem o peso da obrigatoriedade. Palavras jamais substituirão sentimentos, pois esse não cabe em frases ou regras, é livre por si só. Ao descobrir isso abri minha alma às delicias do acaso. Perguntei-me como pude sucumbir diante dessa vertigem que eu mesmo provoquei e que eu tanto temi. Flutuei entre nuvens e andei falando sozinho com a vã ilusão de investigar o porquê das coisas. Me senti culpado quando na verdade estava completamente certo. Certo de que desejar algo bom e novo, agir em torno desse desejo e criar expectativas não é um ato criminoso, apesar de perigoso, e lutar por isso me tornou um homem ainda mais vivo, livre de qualquer prisão sentimental e convicto daquilo que eu preciso para seguir a vida com leveza e um pouco mais de qualidade.

Acho que se me deparar com um letreiro imenso e luminoso expressando quem sou, verei escrita uma doce palavra: "Liberdade".

Adaptado da obra belíssima de Gabriel Garcia Márquez - "Memórias de minhas putas tristes" - pág. 73.

5 comentários:

Helena Pawlow disse...

Nossa! Lindo!
Amar é ser livre!
Bravo!
Bjos

Edward Félix disse...

êêê Nêga...

sem churumelas.. sabia q vc seria a primeira a comentar isso (e talvez a unica). Alguns vao invariavelmente discordar de mim... outros concordar mas isso não é importante nao... quero apenas q saibam o que eu realmente me tornei, o que penso... e vc me conhece muito bem! Graças a Deus! rs

Bêjo!! (achei o "Bravo" o máximo.. pena q nao veio acompanhado de uma salva de palmas.. rsrs)

Anônimo disse...

Ed... Diós mio

sou tua fã! Quanta sensibilidade.
Olha só, sua amiga não é a UNICA não viu seu moço? E eu nao vou descordar de ti. Acho que tu estas coberto de razão, nao sei se é pelas experiencias que a vida traz ou se é puro raciocínio (espero que sejam ambas) so digo uma única coisa. Nao entendo como um HOMEM tao sensível, inteligente e divertido como vc está sozinho!

Culpa dos outros? Provavelmente!

Adorei o texto, gosto do teu jeito de pensar a vida!

um grande beijo

Cris Kratz

Edward Félix disse...

wow!!!

e vou comentar o que mais depois dessa?? rsrsrsrs

Valeu Cris... somos fãs um do outro digamos assim. rs

Bem.. estou sozinho por opção e por nao ser perfeito... tenho muitos defeitos como qualquer ser humano e acho q ainda nao encontrei alguem que os aceite =D

beijo grandão

Helena Pawlow disse...

Bravo Ed!
Então! Clap..Clap..Clap (Salva de palmas)rs

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